Jornal de Medicina e Saúde

Blogue dedicado ao jornalismo em Medicina e Saúde, com artigos, entrevistas e notícias sobre investigação científica e o estado da Saúde em Portugal e no mundo.

07 julho 2006



Hospital de Santa Marta
Médicos tratam doentes cardíacos por sms

Acompanhar e tratar os doentes cardíacos, a partir do telemóvel e do computador, é o novo desafio em marcha no Hospital de Santa Marta, em Lisboa. A interacção médico-doente é, neste contexto, “virtual”, porém eficaz. Isto porque os médicos transmitem informação aos doentes acerca do tratamento que estão a seguir, sem que seja necessária a deslocação ao hospital.
O novo projecto é recente e encontra-se em teste, há cerca de um mês, no serviço de cardiologia do Hospital de Santa Marta. Evitar uma deslocação ao hospital apenas para mostrar resultados de análises e alteração de dosagens no tratamento é a principal meta. Para terem acesso a este tipo de consulta “tecnológica”, os doentes apenas têm que ter telemóvel e estar inseridos na base de dados do Hospital de Santa Marta.
No momento, este novo sistema está em funcionamento na unidade de cardiologia, prevendo-se o seu alargamento a outras unidades, explicou à TVI, o director do serviço de cardiologia do Hospital de Santa Marta, Cruz Ferreira.

Daniela Gonçalves
Créditos da fotografia:

01 julho 2006

“Desmistificar noções erradas” sobre a Esquizofrenia
Conhecer a doença para melhor integrar

A pessoa que sofre de esquizofrenia pode, com apoio farmacológico e psico-social, aprender a desenvolver actividades do dia-a-dia, explicam os especialistas da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença mental, cujo quadro clínico se caracteriza pela ocorrência de alucinações, delírio, e por mudanças na capacidade de comunicação, afectos e pensamentos. A doença surge, geralmente, na classe etária entre os 16 e os 25 anos, e tem uma prevalência mundial de 1%. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem retardar a evolução da esquizofrenia e contribuir para a integração social dos doentes, mas é crucial uma maior compreensão da sociedade face à doença.
A pessoa que sofre de esquizofrenia pode, com apoio farmacológico e psico-social, aprender a desenvolver actividades do dia-a-dia, ocupando saudavelmente o seu lugar na sociedade. Para tal, é fundamental “desmistificar noções erradas”, explicam os especialistas da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia (AEAPE), já que a doença é pouco compreendida pelos indivíduos, podendo este facto dificultar a integração social dos doentes.
Ter personalidade dividida ou múltipla é uma dessas noções erradas que importa, segundo a AEAPE, eliminar, pois não se trata de uma manifestação da esquizofrenia. Outra delas é a ideia de que o doente com esquizofrenia é violento. O que corresponde à verdade é o facto de o indivíduo com esta doença do cérebro apresentar dificuldades em ter um raciocínio ordenado e de estabelecer relações sociais normais. Alguns doentes têm dificuldade em dissociar o real do imaginário e a maioria isola-se e torna-se apática.
Apesar de não serem conhecidas as causas concretas que originam a esquizofrenia, sabe-se que a hereditariedade é um factor-chave para o seu aparecimento, e que episódios de stress a podem agravar.

Daniela Gonçalves


Comportamentos que podem ser indicadores de Esquizofrenia
Fonte: http://www.aeape.pt/live/zz_frameset.aspx (site da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia)
Ouvir ou ver algo que não é real;
Uma sensação constante de que está a ser vigiado;
Modo peculiar ou incompreensível de falar ou de escrever;
Posturas estranhas;
Atitude de indiferença afectiva perante situações graves;
Deterioração do rendimento escolar ou do trabalho;
Alterações nos padrões pessoais de higiene e aparência;
Alteração da personalidade;
Maior isolamento das situações sociais;
Respostas irracionais, de fúria ou de medo perante os entes queridos;
Incapacidade de conciliar o sono ou de se concentrar;
Comportamento inadequado ou bizarro, sem motivação compreensível;
Preocupação extremas com a religião ou com assuntos relacionados com o oculto.

30 junho 2006



Estudo da Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Perfil de saúde da mulher portuguesa é susceptível

Cerca de 5% das mulheres portuguesas com mais de 40 anos poderão vir a sofrer de doença cardiovascular fatal, nos próximos dez anos. A conclusão é de um estudo com mulheres, baseado no maior rastreio realizado até hoje em Portugal, conduzido pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Pelo menos um dos factores de risco das doenças cardiovasculares, sobretudo, a obesidade, o sedentarismo, hipertensão e colesterol elevados, foram detectados em 82% das mulheres com idade superior a 18 anos, alerta o estudo.
Do total de mulheres entrevistadas, 64% apresentavam excesso de peso e 69% delas não pratica regularmente exercício físico; 47% tinham hipertensão arterial e 35% excesso de colesterol. O sedentarismo (72%) e o colesterol elevado (20%) são os principais factores de risco em mulheres com menos de 40 anos.
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia divulgou os dados, ontem, na Casa do Coração, que traçam o perfil de saúde da mulher portuguesa, tendo por base 10 mil avaliações dos níveis de colesterol, hipertensão, obesidade, entre outros factores de risco cardiovascular, noticiou, hoje, a Saúde na Internet.

Daniela Gonçalves
Créditos da fotografia:

24 junho 2006

Alerta de especialistas em Alzheimer
Médicos de família fazem diagnóstico tardio da doença

Os médicos de família não fazem um diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, dificultando o tratamento dos doentes, frisaram em tom de alerta os especialistas, ontem, em Tomar.
Para fazer face a esta lacuna, é crucial realizar uma “campanha de sensibilização mais próxima dos médicos de família”, para que estes fiquem mais conscientes dos sinais da doença nos seus doentes. A sugestão e o aviso partiram da presidente do Grupo de Estudos de Envelhecimento Cerebral e Demências, Manuela Guerreiro, durante um simpósio sobre a doença de Azheimer, que termina hoje, noticia, hoje, o Jornal de Notícias.
Segundo afirma a especialista, a situação é preocupante porque “os médicos de família deixam passar muitos casos”, havendo situações, diz, de doentes cujas manifestações iniciais da doença foram desvalorizadas pelos clínicos. Isto sucede, talvez, porque “há 25 anos, ainda se faziam poucos diagnósticos de doença de Alzheimer em Portugal”, explica, muito embora o primeiro caso da doença tenha sido diagnosticado em 1906.

Daniela Gonçalves

18 junho 2006

Degenerescência Macular relacionada com a Idade
Doença atinge cerca de 45 mil portugueses

A prevenção e o diagnóstico precoce são, segundo, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, as melhores “armas” para combater a Degenerescência Macular relacionada com a Idade

A degenerescência Macular relacionada com a idade (DMI) é a maior causa de cegueira no mundo ocidental. Estima-se que esta doença afecte cerca de 45 mil portugueses. O recurso ao tratamento pode contribuir para impedir o avanço da doença para um estado de cegueira parcial altamente incapacitante. A adopção de uma dieta alimentar equilibrada e de outros hábitos de vida saudável pode ser uma ferramenta importante para prevenir a DMI.
Um doente com degenerescência Macular relacionada com a idade, no seu tipo mais grave, pode ser vítima de cegueira parcial, ao fim de dias ou poucas semanas, alerta a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. A prevenção e o diagnóstico precoce são, segundo, os especialistas, as melhores “armas” para combater esta doença oftalmológica.
A DMI é uma doença que afecta a mácula, que é a zona mais sensível da retina do olho. A visão central, pormenorizada, com cores resulta do saudável funcionamento da mácula. No entanto, fica comprometida quando o doente tem Degenerescência Macular, isto porque, a mácula e as suas funções visuais são destruídas. Na base do problema de saúde, encontra-se o surgimento de novos vasos sanguíneos anormais naquela zona que a danificam de uma forma irreversível.
Geralmente, o doente é, numa fase inicial, apenas vítima de perda de visão num olho. Este facto faz com que ele não se aperceba da subtil perda de visão, já que o olho saudável compensou a redução de visão do olho já afectado. O doente apenas sente a presença da doença quando esta se manifesta no segundo olho.
Existem dois tipos de DMI: a DMI exsudativa ou húmida e a DMI atrófica ou seca, sendo esta última a mais prevalente e vulgar (Para mais informação, consulte: http://www.dmi.online.pt/, link da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia http://www.spoftalmologia.pt/noticias)

Daniela Gonçalves

Discriminação faz mal ao coração das mulheres

A deficiente integração das afro-americanas, nos E.UA., constitui um factor de risco cardíaco 2,5 vezes superior aos factores associados à doença cardíaca, revela o estudo norte-americano publicado na Psychosomatic Medicine.

Ser alvo de descriminação diária, mesmo que discreta, pode ser um factor de risco de doença cardíaca nas mulheres, sugere um estudo de investigadores norte-americanos, noticiado pela Reuters Health, no dia 14 de Junho.
O desrespeito ou os maus tratos sofridos ao longo de anos pelas mulheres contribuem para o aparecimento de depósitos de cálcio nas artérias coronárias, que é um sinal precoce de doença cardíaca.
Os investigadores constataram que a relação entre a exposição regular e diária à descriminação e o cálcio nas artérias coronárias era “mais forte e significativa” do que a relação entre a recente exposição e o cálcio nas artérias do coração.
São, desta forma, os níveis psicológicos desta descriminação subtil que têm um efeito cardíaco prejudicial, defendem Tene T. Lewis e os colegas da Rush University Medical Center de Chicago.
As doenças cardiovasculares matam, anualmente, cerca de meio milhão de mulheres, nos E.UA, sendo a principal causa de morte das mulheres. De salientar que as afro-americanas constituem um grupo de risco, já que apresentam taxas significativamente superiores de doença cardíaca e de morte motivada por esta patologia. Esta maior vulnerabilidade parece, segundo os investigadores, estar ligada em parte ao stress decorrente da sua condição social de mulher negra nos E.UA.
A deficiente integração destas mulheres, nos E.UA., constitui um factor de risco 2,5 vezes superior aos factores associados à doença cardíaca, como os elevados níveis de tensão e colesterol, obesidade, consumo de tabaco e idade avançada.
A resposta ao problema de saúde passa, segundo os autores, por reduzir o impacto emocional da descriminação diária nas mulheres afro-americanas, reduzindo, consequentemente, o seu risco cardíaco.
O estudo envolveu um grupo de 181 mulheres afro-americanas de meia-idade e foi publicado na Psychosomatic Medicine do número de Maio/Junho.

Daniela Gonçalves
Créditos da fotografia:
http://members.tripod.com/~TVmania/Greuben.jpg, 18 de Junho de 2006

06 junho 2006

-Entrevista-

Carla Vasconcelos, Nutricionista
“Deve-se comer várias vezes ao dia e em pequenas quantidades”

Aproxima-se o Verão. E no pensamento de muitos portugueses, surge uma preocupação: Emagrecer. Comer várias vezes ao dia, seguir uma dieta rica em frutas, legumes e hortaliças, e praticar desporto ou aumentar a actividade física, são alguns dos conselhos que Carla Vasconcelos, nutricionista deixa, em entrevista, ao Jornal de Medicina e Saúde. Conheça os outros e saiba se pode seguir um programa de emagrecimento.

Daniela Gonçalves - Na Primavera, é comum vários portugueses começarem a pensar em emagrecer, mudando os seus hábitos alimentares e iniciando uma prática desportiva. Qual a dieta mais adequada que sugere nestes casos?

Carla Vasconcelos - Comer várias vezes ao dia (de 3 em 3 horas ou 3,5 em 3,5 horas), em pequenas quantidades, eliminar da alimentação diária alimentos ricos em gorduras e açúcares simples, e optar por alimentos pouco processados, pobres em gorduras e açúcares, pouco calóricos, mas saciantes. Deve-se optar por uma alimentação que tenha por base a Nova Roda dos Alimentos, atendendo às recomendações de fruta, legumes e hortaliças.
D.G. - Qual a sua duração e como pode ser conciliada com a prática de desporto?
C.V - O desporto deverá ser adaptado ao indivíduo, ao seu peso, à sua actividade física e ao seu estado de saúde. A prática desportiva deverá ser orientada por profissionais da área para que seja o mais adaptada possível à pessoa. Relativamente à duração da dieta restritiva, vai depender de todo um conjunto de factores (peso inicial, cumprimento da dieta, co-morbilidades associadas, medicação, etc).

D.G - Na sua óptica, quais são as melhores práticas desportivas para o indivíduo que começa um plano alimentar de dieta?
C.V - Como já referi anteriormente, o tipo de exercício/actividade física aconselhada nestas situações vai depender do peso inicial da pessoa, da idade, de patologias associadas, entre outros, pelo que é difícil de referir quais os melhores. No entanto, a natação, a hidroginástica, a marcha, e a aeróbica, são modalidades possíveis.

D.G - E em relação a quem apenas deseja iniciar um plano alimentar de emagrecimento, sem atender à prática de desporto… Que conselhos lhe dá para ser bem sucedido nas suas meta?
C.V. - Se não pretender praticar desporto, deverá, pelo menos aumentar a prática de actividade física, pois é essencial. Caminhar mais, fazer as tarefas domésticas, poderão ajudar.
D.G -Qual o peso ideal, atendendo à relação peso-altura (índice de massa corporal)?
C.V. - Para homens e mulheres, a relação peso (kg)/ (altura x altura) (m) – IMC ideal encontra-se no intervalo de 18,5 – 24,9 kg/m2 , pelo que cada indivíduo deverá calcular o seu e verificar se corresponde à normaponderalidade. Como em indivíduos adultos a altura é constante, consegue-se através deste índice calcular o intervalo de peso que é considerado normal para um indivíduo com determinada estatura.

D.G. - Este factor faz com que nem todos possam enveredar por um programa de emagrecimento e restrição alimentar, certo?
C.V - Não sei se entendi bem a questão, mas pessoas com IMC abaixo do limite inferior da normalidade não devem enveredar por programas de emagrecimento, pois se o fizerem podem correr risco de deficiências nutricionais.

D.G. - E quem é que se encontra no grupo-alvo destes planos de emagrecimento?
C.V. - Mulheres e homens jovens, atletas e profissionais da moda são os que mais procuram os programas de emagrecimento. Os atletas e profissionais da moda porque, muitas vezes, lhes é exigido determinado peso e os homens e mulheres jovens porque querem seguir a tendência da moda e porque já se começam a consciencializar que o excesso de peso traz problemas.

D.G. - Na sua opinião, existem excessos na adopção de programas dietéticos em Portugal?
C.V -Em Portugal, à semelhança do que acontece noutros países, existe um ideal de magreza muito rígido o que provoca uma “corrida” aos programas de emagrecimento principalmente os de emagrecimento rápido. Geralmente estes programas são desequilibrados, posicionando-se contra os requisitos saudáveis do organismo humano.

D.G. - Alguns estudos sublinham a importância do stress como factor que pode aumentar a excessiva ingestão de alimentos com açúcar, como por exemplo, chocolates. Considera que o stress pode dificultar o sucesso de um plano de emagrecimento?
C.V -Antes demais, um indivíduo que planeie fazer um programa de emagrecimento deverá estar consciente e informado se há necessidade de se propor a esse programa e deverá saber que não existem formas mágicas saudáveis para emagrecer. É importante o indivíduo estar conformado que precisa de fazer “sacrifícios”. O stress ocorre quando a pessoa se propõe a um plano de emagrecimento pensando que vai ser muito fácil e vai durar pouco tempo; geralmente, nestas situações de insucesso é quase garantido, pois quando o indivíduo se apercebe da dificuldade, desencadeia situações de ansiedade e acaba por”acalmar” com a ingestão de produtos açucarados e ricos em gordura.


17 abril 2006

Dia Mundial da Hemofilia
Falta de “linhas orientadoras” gera assimetrias no tratamento em Portugal

O Dia Mundial da Hemofilia assinala-se, hoje, com a tónica de acção “no tratamento para todos”, ou seja, na defesa do acesso de todos os doentes a um tratamento seguro e eficaz”, lema e meta escolhidos, este ano, pela Federação Mundial de Hemofilia. Este objectivo não foi, no entanto, ainda atingido, em Portugal, devido à desigualdade de resposta à doença nas várias regiões do país, revela a Associação Portuguesa dos Hemofílicos (APH). Situação explicada pela inexistência de “linhas orientadoras” para esta doença, explica Lurdes Fonseca, vice-presidente da APH.
Em Portugal, há cerca de 700 hemofílicos notificados, no entanto, este número deverá ser muito superior. Na base do problema está a inexistência de um recenseamento nacional desta doença no nosso país, justifica Maria de Lurdes Fonseca. A responsável alerta mesmo que “pode acontecer que muitos hemofílicos não saibam que têm a doença, nem estejam notificados”.
Segundo afirma, esta lacuna está desajustada da recomendação que o Conselho da Europa fez, em 1980, relativamente ao recenseamento nacional do número de hemofílicos em todos os países europeus. é neste contexto que Lurdes Fonseca solicita ao executivo português que “avance com esta medida”, noticia, hoje, a TSF.
A hemofilia é uma deficiência hereditária na coagulação do sangue, rara, que afecta cerca de 400 mil pessoas no mundo, não tendo sido descoberta até à data qualquer cura. É uma doença quase exclusivamente masculina, que origina hemorragias frequentes, sobretudo a nível articular e muscular.
“Lutar pelos melhores produtos de tratamento e por mais centros de tratamento da hemofilia» é outra das exigências que se ouvem, hoje, Dia Mundial da Hemofilia.
Para assinalar o dia de hoje, a APH vai estar em Lisboa e no Porto a desenvolver campanhas de sensibilização, através de folhetos, boletins e brochuras, para informar toda a “comunidade”.

Daniela Gonçalves